quarta-feira, 26 de agosto de 2015
Enfermeira coordena primeira equipe do país a usar Técnica de Terapia
Larval
“A larva
otimiza a cicatrização, libera no meio substâncias que ajudam a acelerar o
processo, libera substâncias antimicrobianas, reduz o número de antibióticos
que se utiliza no doente, evita que ele vá para o centro cirúrgico e possui um
custo financeiro bastante reduzido”,
Utilizado
como tratamento de ponta no mundo inteiro, a terapia Larval começa a ser
aplicada no Brasil através do trabalho pioneiro da enfermeira Julianny Barreto
Ferraz, coordenadora da equipe de feridas do Hospital Universitário Onofre
Lopes, em Natal/RN. Essa técnica consiste num tipo de desbridamento biológico,
cuja limpeza do leito da ferida é feita por larvas de moscas, que são seletivas
ao tecido necrosado. Apesar dos benefícios cientificamente comprovados e de ser
uma técnica de uso milenar, no Brasil, apenas o Rio Grande do Norte realiza
esse procedimento. Para a enfermeira Julianny Ferraz as benesses que a larva
traz são impressionantes. afirma.
Enfermeira
Julianny Barreto Ferraz, coordenadora da equipe de feridas do Hospital
Universitário Onofre Lopes, em Natal/RN
No Rio
Grande do Norte, foi realizado um estudo comparativo de uma paciente com úlcera
venosa nas duas pernas. Em uma das pernas foi usado um desbridante em placa,
lançado recentemente no mercado, e na outra utilizou-se a terapia larval. Em 48
horas se observou que o trabalho da larva foi muito superior a placa. O
tratamento é indicado para qualquer ferida que tenha necrose liquefeita, sem
profundidade e sem possibilidade de comunicação com vísceras. Não é um
tratamento para sempre, mas somente enquanto há necrose, quando o leito da
ferida está exuberante é descontinuada a aplicação da larva.
Outro
ponto de destaque para Enfermagem no HOUL é a autonomia e respeito conquistados
pela Comissão de Feridas. A enfermagem tem completa autonomia no tratamento de
feridas na instituição. “Com a especialização da Enfermagem surgiu a
possibilidade do enfermeiro ter completa autonomia na sua atividade como
Estomaterapeuta e/ou Enfermeiro Dermatologista e ter o seu conhecimento na área
reconhecido pela equipe interdisciplinar”, destaca Ferraz.
A
coordenadora da equipe de feridas sonha com um cenário que se possa fazer
terapia larval todo dia e contemplar vários pacientes que precisam e querem
fazer a terapia, mas não há larva suficiente. “Hoje é priorizado o paciente
que está na eminência de uma amputação. A gente prioriza aquele doente que tem
o pé diabético, porque a ferida venosa não mata com a incidência e prevalência
que o pé diabético mata. Precisamos que os gestores se sensibilizem para o
problema e dê apoio a esse trabalho que pode vir a beneficiar milhares de
pessoas no Brasil”, finalizou a Ferraz.
História e
processo
A terapia
larval é feita há centenas de anos de uma forma empírica. Começou na guerra, no
século XIX, com um observador que notou que os doentes com amputações
traumáticas que eram acometidos pela larva tinham menos possibilidade de morrer
do que aqueles que não eram acometidos. A partir daí esse observador passou a
fazer um estudo mais aprofundado. O mundo inteiro faz terapia larval, em
especial, os Estados Unidos, também, a Europa e a alguns países da América Sul.
No Rio Grande do Norte a mosca utilizada é a Chrysomya megacephala.
Fonte: Coren-RN
terça-feira, 26 de maio de 2015
PIONEIRISMO
HUOL utiliza larvas de mosca para tratamento
de feridas em pacientes
Tratamento pioneiro no
Brasil, profissionais e pesquisadores do HUOL/UFRN estão utilizando larvas de
moscas em pacientes como terapia em ferimentos de difícil cicatrização
O Hospital Universitário Onofre Lopes é pioneiro no Brasil no uso do
Desbridamento Biológico em humanos, termo técnico utilizado pelos profissionais
para a aplicação intencional de larvas de moscas em ferimentos de difícil
cicatrização. Desde 2011, o projeto “Uso da Terapia Larval no tratamento de
úlceras de difícil cicatrização em pacientes no Hospital Universitário Onofre
Lopes”, é desenvolvido por uma equipe do Departamento de Microbiologia e
Parasitologia da UFRN, juntamente com a Comissão de Curativos do HUOL.
A coordenadora do projeto e professora da UFRN Renata Antonaci Gama
enfatizou que a aplicação em humanos é pioneira no Brasil, porém é utilizada
comumente nos hospitais dos Estados Unidos, Europa e alguns países da América
do Sul, como o México.
O desbridamento biológico consiste na utilização de larvas estéreis de
moscas criadas em laboratório sobre úlceras crônicas com a presença de tecido
morto, na finalidade de otimizar a cicatrização destas lesões. Após a captação
dos insetos no meio ambiente, manutenção do mesmo em laboratórios, poedura e
esterilização dos ovos, as larvas são encaminhas ao hospital onde são aplicadas
sobre as úlceras. Elas são necrobiontófagas, isto é, alimentam-se de
tecidos mortos de um animal vivo. Atualmente são utilizadas duas espécies: a
Chrysomya Putoria e Chrysomya Megacephala. “Elas auxiliam na
cicatrização alimentando-se somente de tecido necrosado, pus e bactérias,
preservando a parte saudável do ferimento”, enfatizou Renata.
As larvas são colocadas e mantidas na ferida durante 48 horas. Nesse
período, ingerem a parte morta, pus e bactérias que, ao passar pelo
sistema digestório, morrem. Adicionalmente, nesse processo, ao se locomoverem
sobre a lesão, liberam amônia e proteínas cicatrizantes que matam as bactérias,
estimulando a cicatrização.
A enfermeira da Comissão de Curativos do HUOL, Julianny Barreto Ferraz,
explicou que o tratamento de rotina para a eliminação da pele necrosada de
feridas é comumente realizado de forma cirúrgica, por meio de raspagem
utilizando um bisturi. Todavia, ao raspar a pele morta, parte do tecido vivo
também se perde, pois não há como separar os dois, o que torna essa prática
muito agressiva e dolorosa para o paciente. Já a terapia larval é uma
alternativa mais seletiva, pois não atinge a parte boa da ferida.
Outro fator importante citado por Julianny foi que “estudos realizados
comprovam que o custo do desbridamento biológico é dez vezes mais barato que o
cirúrgico, pois o tratamento cirúrgico envolve todo um arsenal de material e
equipe para realizá-lo. Faz 33 anos que trabalho como enfermeira, e nunca vi
algo que limpe uma ferida como a terapia larval”, afirmou.
Este projeto teve início em 2011, obtendo excelentes resultados nos
pacientes que receberam a terapia larval. Logo, muitos fatores comprovaram o
procedimento como uma alternativa viável, tanto do ponto de vista econômico
quanto científico no tratamento de feridas e um importante aliado na diminuição
das amputações. Entretanto, os pesquisadores destacaram, “nossa expectativa é
conseguir financiamento para cultivar larvas em larga escala” afirmou Renata.
O Hospital
Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte é
filiado à Ebserh, estatal vinculada ao Ministério da Educação, e atende
exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Imagens:
terça-feira, 19 de maio de 2015
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